NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO: UM “NOVO” CONCEITO

A Necessidade de Capital de Giro é um conceito econômico- financeiro e não uma definição legal. Refere-se ao saldo de contas cíclicas ligadas às operações da empresa:

O nome ‘Necessidade de Capital de Giro’ ilustra bem a necessidade por capital que vem do ciclo operacional da empresa.

Para a maioria das empresas brasileiras, a NCG constituía um investimento. Neste caso, a NCG está positiva. Mas se a empresa suspender parte de suas operações, interrompendo uma ou mais de suas linhas de produção, ou ocorrendo estado de falência ou concordata, a NCG passará a constituir uma fonte de fundos que poderá, por exemplo, ser utilizada pela empresa para pagamento a credores e acionistas.

Para algumas empresas, a NCG é uma fonte de dinheiros: está negativa. Mas se a empresa falir, a NCG passará a constituir uma inversão de fundos.

Nos Estados Unidos, analistas usam a palavra “Working Capital” para determinar quão facilmente a empresa pode pagar suas despesas num horizonte curto. O “Working Capital” é o Capital Circulante Líquido (CCL) do Brasil. No sentido financeiro clássico , o Capital Circulante Líquido (CCL) define-se como: CCL = Ativo Circulante – Passivo Circulante. Mas essa é uma visão equivocada: a maior parte desses ativos está ligada ao processo produtivo da empresa (clientes, estoques e adiantamento a fornecedores). A empresa não pode liquidar esses ativos sem modificar sobremaneira seu processo produtivo. O CCL é uma medida de liquidez em caso de falência.

Quanto maior o CCL, mais ativos a empresa tem a seu dispor para financiar suas obrigações de curto prazo. Então quanto maior o CCL, maior a liquidez? Não. Isso é um erro: o CCL é realmente uma medida de ativos que a empresa tem a seu dispor para financiar obrigações de curto prazo, se – e somente se, os ativos circulantes puderem ser facilmente convertidos em dinheiro.

Como o ativo e o passivo cíclicos constituem apenas uma parte do ativo e passivo circulantes, conclui-se que a Necessidade de Capital de Giro é, necessariamente, diferente do Capital Circulante Líquido definido no sentido financeiro clássico.

NCG POSITIVA

Na maioria das empresas industriais, as saídas de caixa ocorrem antes das entradas.

Produção transforma matérias-primas e componentes em produtos finais. A fábrica compra insumos, converte esses insumos em produtos ao passo que matérias-primas são transformadas em bens finalizados, incentivando o cliente a adquirir seu produto através das condições de venda (preços e disponibilidade de crédito).

Essa situação cria uma necessidade de aplicação permanente de fundos, que se evidencia no balanço por uma diferença positiva entre o valor das contas dos ativos cíclicos e as contas dos passivos cíclicos: a NCG é positiva.

É importante ressaltar que NCG depende, basicamente, da natureza e do nível de atividades dos negócios da empresa e, portanto, é muito sensível às modificações que ocorrem no ambiente econômico. A natureza dos negócios da empresa determina seu ciclo financeiro, enquanto o nível de atividade é função das vendas.

O modelo de negócios da empresa, o setor em que ela atua, e a sua capacidade de negociação com clientes e fornecedores explicam o ciclo financeiro.

Por exemplo, supermercados com alto poder de barganha tentam apertar seus fornecedores para estender os prazos de pagamento, ao mesmo tempo em que tentam fazer com que seus produtos tenham um giro rápido na prateleira.

Empresas de serviços que exigem altos níveis de entrada, ou pagamentos antecipados, conseguem ter NCG negativa, assim como algumas empresas no setor de varejo.

NCG NEGATIVA

Cinquenta por cento dos maiores grupos industriais da Europa (os que compõem o Eurotoxx 50) apresentam NCG negativa. Um terço das maiores empresas brasileiras também apresentam NCG negativa.

As empresas com NCG negativa recebem antes de desembolsar: o resultado de seu ciclo financeiro é negativo.

Há três razões principais para um ciclo financeiro negativo:

  • o modelo de negócio da empresa;
  • a força da empresa vis-à-vis seus clientes e fornecedores;
  • empresas que recebem pagamentos adiantados por bens em produção.