UMA NOVA DEFINIÇÃO DO CAPITAL DE GIRO

O Capital de Giro é um conceito econômico-financeiro e não uma definição legal.

No Modelo Dinâmico, o Capital de Giro (CDG) representa uma fonte permanente de fundos para a empresa com o propósito de financiar sua Necessidade de Capital de Giro. A fim de reformular um valor de financiamento de operações ao conceito, o Capital de Giro no Modelo Dinâmico é calculado como a diferença entre o Passivo Não Circulante (=Passivo de Longo Prazo + Patrimônio Líquido) e o Ativo Não Circulante.

A NCG, quando positiva, reflete uma aplicação permanente de fundos que, normalmente, deve ser financiada com os fundos permanentes utilizados pela empresa. Quando a NCG é financiada com recursos de curto prazo, geralmente empréstimos bancários, o risco de iliquidez aumenta. De maneira ideal, para financiar a NCG, essa necessidade contínua das operações, a companhia deveria usar recursos permanentes. Neste caso, nenhum problema financeiro de curto prazo deveria prejudicar sua existência.

De modo geral, apenas uma parte dos fundos permanentes é utilizada para financiar a NCG, visto que grande parte desses fundos é utilizada para financiar aplicações permanentes (contas não cíclicas do ativo), como terrenos, edifícios, máquinas, imobilizações financeiras e certos itens do realizável a longo prazo.

O CDG representa essa fonte liquida de fundos para financiar a NCG

CDG, UMA FONTE PERMANENTE PARA FINANCIAR A NCG

Uma das características do CDG é que ele é relativamente estável no tempo. O Capital de Giro diminui quando a empresa realiza novos investimentos em bens do ativo permanente (aumento do ativo permanente). Todavia, esses investimentos são, em geral, realizados por meio de Autofinanciamento , empréstimos a longo prazo e aumentos de capital (em dinheiro), que, por sua vez, aumentam o Capital de Giro (aumento do passivo permanente),compensando aproximadamente a diminuição provocada pelos novos investimentos.

O Capital de Giro pode ser negativo. Neste caso, o ativo permanente é maior do que o passivo permanente, significando que a empresa financia parte de seu ativo permanente com fundos de curto prazo. Embora esta condição aumente o risco de insolvência, a empresa poderá se desenvolver, desde que sua Necessidade de Capital de Giro seja, também, negativa.

Empresas que conseguem prever com maior grau de certeza as suas entradas de caixa podem trabalhar com baixa liquidez ou até mesmo com liquidez negativa. Um caso típico dessa situação é o setor de energia elétrica. Os clientes precisam pagar a conta no prazo estipulado. Caso contrário, o fornecimento de energia é cortado. Isto faz com que as entradas de caixa sejam altamente previsíveis o que gera um fluxo de caixa adequado mesmo com uma liquidez negativa.

CDG = CCL

O CCL (Capital Circulante Liquido) no Brasil é a diferença entre Ativos circulantes e Passivos circulantes.

CCL = AC - PC

Como: Passivos não circulantes + Passivos circulantes = Ativos não circulantes + Ativos circulantes, podemos ver que: Passivos não circulantes – Ativos não circulantes= Ativos circulantes – Passivos circulantes.

Ou seja, nosso CDG (= PNC – ANC) iguala ao CCL (= AC – PC).

Nosso CDG tem o mesmo valor que o CCL, mas é calculado diferentemente no Modelo Dinâmico e tem um significado completamente diferente.

O CDG se torna o total recurso de longo prazo que está disponível para conduzir operações normais ao invés de uma medida útil no processo de liquidar ativos numa falência. A empresa deve manter um CDG positivo para cobrir riscos intrínsecos ao negócio (perda de valor do estoque, clientes que não pagam, prejuízo) e financiar a NCG.

ESTRUTURAS DE CAPITAL

A regra básica de gestão baseada no Modelo Dinâmico é a que iguala os prazos de financiamento e de aplicação para diminuir o risco de liquidez da empresa. Na literatura financeira isso tem o nome de gestão da estrutura de capital.

A literatura acadêmica desenvolveu uma teoria para explicar as decisões de financiamento da empresa, chamada pecking order, que funciona particularmente bem para explicar o comportamento das empresas brasileiras (mas não necessariamente explica o comportamento em outros mercados).

Por essa teoria, a empresa seguiria uma ordem natural na busca de recursos para investimento: usaria, primeiramente, lucros retidos; em segundo lugar, emissão de dívidas e, por último, emitiria novas ações.

No Brasil, historicamente, o desenvolvimento das principais indústrias contou com financiamento via reinvestimento de lucros e bancos públicos.